domingo, 2 de setembro de 2007

Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado

Toda a Liturgia da Palavra se encaminha na direcção desta frase chave, «Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado». Nos dias que vivemos esta frase parece, sem sombra de dúvida, ridícula. Não falta quem se queira exaltar a si mesmo. O mundo olha para quem se destaca seja numa telenovela, nos negócios, no futebol, ou, até, num escandâlo de faca e alguidar. O mundo olha, também, cujo único motivo de glória é aparecerem nas festas certas, de preferência em frente de uma máquina fotográfica, pessoas que a única coisa que fazem é aparecer com joias e roupas que, provavelmente, nunca pagarão. Ninguém quer olhar para o pequenino, para aquele que sofre, nem mesmo para aquele que se apaga para que outros brilhem. Assim vai o mundo...




Depois de encontrar Jesus nesta mesa da Palavra e na Eucaristia, li um artigo surpreendente sobre alguém que viveu toda a sua vida humilhando-se, fazendo-se pequena com os mais pequenos, sobre alguém que viveu, como poucos, a verdade do Evangelho. Ela mesma, Madre Teresa de Calcutá, essa mulher pequena em estatura mas grandiosa aos olhos de Deus. Até agora era impossível, ao olhar para a sua obra e para a sua vida, imaginar que essa mulher tivesse tido, um dia, a mais pequena dúvida da presença de Deus na sua vida. A revista Visão desta semana publica um artigo da insuspeita revista Time sobre um livro em que se revela a correspondência trocada entre Madre Teresa de Calcutá e os seus confessores e superiores ao longo de 66 anos. Neste livro, com o título Mother Teresa: Come be my light (Madre Teresa: Vem ser a minha luz), revela-se uma vivência interior de sofrimento. Como tantos outros místicos, alguns considerados santos, Madre Teresa sentiu dúvidas, sentiu-se sozinha, sentiu que Deus a tinha abandonado, deixou de sentir a presença de Deus na sua vida. Madre Teresa experimentou aquilo que se chama a noite escura da alma, só que no caso dela durou cerca de 50 anos. Quem olhava para o seu sorriso ninguém poderia imaginar aquilo que a atormentava. Espero que o livro seja publicado em português. Para mim, estas revelações (feitas contra a sua vontade já que ela tinha pedido que os seus escritos fossem destruidos) ainda a tornam maior, mais grandiosa, mais digna de exaltação. Se já a admirava, agora ainda admiro mais porque se ela foi capaz de continuar a sua missão, o caminho que Deus escolheu para ela, mesmo quando deixou de O sentir presente na sua vida, isso prova-me que, realmente, Deus nunca a abandonou e que esta mulher é, verdadeiramente, santa.





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